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2 de fevereiro de 2006

War on War.

Estão em cartaz nos cinemas nacionais dois filmes onde o tema guerra está em “debate”. As aspas, neste caso, são perfeitamente cabíveis pois inicialmente a discussão é proposta. Porém em ambos os casos não é alcançado em sua plenitude o objetivo.
O primeiro a ser comentado é o bom Soldado Anônimo, que conta com a direção de Sam Mendes (Beleza Americana). O filme retrata a experiência do soldado Swofford (interpretado por Jake Gyllenhaal) no exército norte-americano, de seu treinamento como atirador de elite aos longos meses que passou na Arábia Saudita à espera do início de uma guerra que, quando veio, durou míseros 4 dias para os soldados da infantaria, já que foi decidida por ataques aéreos e mísseis disparados de bases militares. Assim, em substituição aos confrontos lamacentos do Vietnã, Swofford (vivido por Jake Gyllenhaal) enfrenta o calor do deserto do Golfo enquanto lida com o tédio sem fim. Porém, a falta de 'ação' não poupa os jovens soldados das seqüelas psicológicas – e a própria antecipação do início das batalhas é responsável por criar, naqueles rapazes, uma perigosa instabilidade emocional. E o resultado final fora desastroso.
De forma bem humorada Mendes consegue retratar os males deste período negro da história norte – americana onde civis foram mortos em prol do “ouro negro” (petróleo).
Até ai tudo bem, mas todo o contexto histórico é demonstrado de forma sutil. De tão sutil, se você não está ligado acaba interpretando o filme com uma campanha em prol ao exército. Faltou um pouco mais de ousadia para o diretor que criticou de forma notável a sociedade americana no já citado Beleza Americana.
Já o polêmico Munique, de Steven Spilberg, tem como pano de fundo a Guerra Fria e o famoso atentado a vila olímpica na cidade de Munique (Alemanha) em 1972.
Roteirizado por Eric Roth e pelo dramaturgo Tony Kushner a partir do livro de George Jonas, o filme tem início na madrugada de 5 de setembro, quando oito integrantes do grupo palestino Setembro Negro invadiram a concentração olímpica e tomaram nove atletas judeus como reféns (sendo que dois morreram durante o ataque). Confuso e sem saber como agir, o governo alemão tentou preparar uma armadilha para os terroristas e fracassou terrivelmente, resultando na morte de todos os atletas e de cinco dos palestinos. Sentindo necessidade de revidar o golpe a fim de não demonstrar uma fraqueza perigosa, a então Primeira-Ministra de Israel, Golda Meir, autorizou a organização de vários grupos clandestinos (mas apoiados pelo Mossad, o serviço secreto israelense) que passaram a eliminar alvos supostamente ligados ao massacre. E são justamente as ações de um destes grupos que são acompanhadas no filme.
Alguns críticos escreveram que Spilberg humanizou os terroristas (o que é bem verdade) e isto foi um grande erro, pois ao optar por este caminho o diretor acaba deixando de lado a ideologia marcante do período, que deveria predominar, em prol do de um filme às vezes bobo que eu chamaria de “os terroristas também amam”. Com isso, você não sabe de que lado ficar já que ambos os lados (o bem e o mau) se parecem demais. De que é a culpa? Ninguém assume.
E quase três horas de duração? Para que isto meu caro! Bom pelo menos é melhor do que o fraco Guerra dos Mundos. Porém Spilberg continua descendo a ladeira...

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