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9 de setembro de 2006

Cold Cold Hearts Time

Qual foi o último grande romance cinematográfico (daqueles com finais felizes e tudo mais) você assistiu atualmente ? Você se lembra? Não!? Sabe por quê? Basicamente este tipo de filme não logra sucesso. E você se pergunta de novo: por quê? Eis a resposta: histórias deste tipo, salvo raras exceções, não existem mais no nosso cotidiano. Tome como base os dias atuais e você verá que a era do vazio existencial e da frieza predomina. E como o cinema hoje não tem mais a intenção de transcender e sim de reproduzir a realidade...
Lembro muito bem no dia em que assisti Closer – Perto Demais (de Mike Nichols) e quando subiram os créditos finais a primeira palavra que proferi fora: “sensacional” já que até então não havia visualizado um retrato tão perfeito do universo dos relacionamentos nos dias atuais.
Tempos depois foi a vez de Tentação que novamente me deixou embasbacado tamanha a proximidade com a nossa era.
Eis então que surge outro grande exemplo, talvez o maior deles, deste período: 5x2 ou Amor em Cinco Tempos de François Ozon (diretor dos ótimos 8 Mulheres e Swimming Pool).
O roteiro gira em torno da história do casal Gilles e Marion dividida em cinco capítulos: quando se apaixonam, o casamento, o nascimento do primeiro filho, o início dos contratempos e a separação. Tudo isso, só que com um diferencial: tudo é contado de forma inversa, ou seja, a primeira cena é realizada na sala do advogado onde assinam a papelada do divórcio.
Porém, não é somente isto. Se nos filmes citados anteriormente o carro chefe eram diálogos pesados e uma certa eloqüência psicológica aqui o que predomina são os “corações gelados” (e olha que não estou falando daquele personagem dos Ursinhos Carinhosos) que conseguem trair o esposo no dia do casamento ou não comparecem na maternidade no dia do nascimento de seu primeiro filho. Em suma, personagens avessos a sentimentos de qualquer tipo.
Estes são alguns fatores que fazem com que o trabalho de Ozon seja, mais uma vez, vangloriado pois consegue de forma heróica e ousada transpor para as telas o olhar cético do mundo contemporâneo não só na essência de seus personagens como também em tudo em que o envolve, incluindo o espectador.

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