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11 de novembro de 2006

Language. Sex. Violence. Other?

O título do último disco do Stereophonics, transcrito acima à guisa de epígrafe, resume muito bem o espírito do mais novo longo de Martin Scorsese, The Departed (Os Infiltrados).
Inspirado em Conflitos Internos (2002), o roteiro em síntese gira em torno da história de dois homens em lados opostos da lei: um é mafioso e se infiltra no departamento de polícia de Boston; o outro é policial e se aproxima secretamente da máfia irlandesa. Quando a violência aumenta e o derramamento de sangue é inevitável, crescem também as suspeitas. Assim cada espião-duplo tem a missão de correr contra o tempo para revelar a identidade do inimigo. Tudo de certa forma com cara do tipo "hummm... já vi este filme". Porém essa analogia na cabe ao filme de Scorsese.
Elementos como sexo e violência (tão trabalhados em outros de seus filmes) aqui são explorados de forma tão densa que faz Cabo do Medo, clássico também de sua autoria, conto da carochinha. A lingugem dos personagens também é carregada de palavrões dos mais variados tipos (que chocariam os puristas) e recheada de conotações sexuais da maneira mais suja possível. Aliás sujeira é que não falta.
A corrupção é o elemento chave da manipulção. Está por todos os lados. Seja por parte da polícia, seja por parte dos criminosos, traficantes etc. Em grande ambos os departementos trabalham de forma conjunta em busca de informações chave. Os ratos estão a solta e conduzem a película.
No campo da atuações, quem rouba a cena, mais uma vez, é Jack Nicholson. Seu personagem. o gangster Frank Costello é sem sombra de dúvida uma das melhores atuações de sua longa carreira. Em entrevista a Rolling Stone Nicholson revelou que o diretor havia idealizado um Costello maléfico, mas nem tanto. O ator resolveu intervir nas características de constiuição do mesmo e o clima esquentou e Nicholson quase pulou fora do barco. Mas no final tudo deu certo. Ponto para ele!
Leonardo DiCaprio e Matt Damon também estão bem em seus respectivos papéis. E isto é muito tratando - se de DiCaprio que, a meu ver, não obteve uma atuação contundente digna de louvor até hoje.
A trilha é um capítulo a parte. Composta por canções setentistas, estão lá os mais variados artistas que Scorsese e, o sempre bom, Howard Shore escolheram a dedo. Então você tem um Stones aqui ("Gimme Shelter" e "Let it Loose"), um Pink Floyd acolá (com a sublime "Comfortable Numb" em cena extremamente sensual) e alguns artistas "b - sides" como o Badfinger (que poderia ser o Beatles, mas a história não deixou) e os Allman Brothers.
A intertextualidade em citações de ícones literários como James Joyce, Freud (mesmo que de forma irônica), entre outros, é algo a se destacar.
Comparado a sua filmografia recente (que inclui os medianos Gangues de Nova York e O Aviador) The Departed está anos luz a frente e coloca novamente Scorsese no famoso Top 5 de filmes do ano. Porém não difere muito de seus trabalhos anteriores, pois dialoga, de forma direta, com a trajetória violenta da construção da América de ontem, hoje e sempre. Ainda bem!
P.S. Falando em "Let it Loose", faixa do clássico Stoneano Exile On The Main Street, em uma das cenas decisivas do filme a capa do disco fora utilizada para uma revelação bombástica. Será que alguém viu? Eu vi!

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