
Após ler algumas curtas resenhas favoráveis em publicações Brasil a fora pensei que Pecados Intímos, novo filme de Todd Field (o mesmo do soberbo Entre Quatro Paredes), seria mais um, entre vários outros bons exemplos (Closer e Amor em Cinco Tempos são alguns), daqueles que desconstroem o universo, hoje, desastroso dos relacionametos amorosos. Já havia até idealizado um "pré - resenha" recomendando a casais apaixonados a passarem longe das salas de cinema onde o filme estivesse em exibição, mas fui pego de surpresa. O universo amoroso (ou do casmaneto no caso) é apenas um dos elementos trabalhados aqui. Em parte esse engano se deve ao título nacional e ao poster acima postado (que mostra o casal adultero nu). Para inicio de conversa fique com o título em inglês (Little Children) e construa a sua reflexão a partir daí.
Baseado no livro de Tom Perrota, roteiro utiliza do recurso "cobra coral", agora popular e que fora criado por Robert Altman em Short Cuts, o filme não apresenta um núcleo central e sim uma gama variada de personagens. E como não poderia deixar tudo se entrelaça de forma meticulosa e brilhante.
Sarah (interpretada por Kate Winslet) é uma mãe que abandonou temporariamente suas ambições acadêmicas para cuidar da filha pequena. Freqüentando o parque próximo à sua casa, ela observa suas reprimidas e alienadas amigas enquanto estas emitem julgamentos preconceituosos sobre tudo e sobre todos, numa rotina que torturante. É então que ela conhece Brad (Patrick Wilson), um bacharel em Direito que, sem conseguir passar na prova da Ordem dos Advogados, permanece em casa cuidando do filho enquanto sua esposa (Jeniffer Conelly) trabalha como documentarista de uma rede de televisão. Aos poucos, Sarah e Brad se tornam próximos e passam a construir um relacionamento amoroso, que poderia destruir a existência relativamente tranqüila que levam e que só é perturbada pela preocupação com a notícia de que Ronnie McGorvey (Haley), um ex-presidiário condenado por se masturbar em frente a uma garota menor de idade, está de volta a cidade.
Para retratar as histórias vividas pelos personagens Field faz uso do louvável recurso do narrador oculto que, logicamente, não participa de forma direta da trama, mas osberva, narra e analisa de forma profunda tudo que envolve a trama.
E mais do que tudo isso, ambos (diretor e roteirista) constroem de forma direta uma crítica perfeita a sociedade relatando várias histórias que tem como fio condutor o desgaste das relações humanas no mundo contemporâneo das mais variadas formas.
A relação com título remete a maturidade alcançada pelos personagens centrais que se isolam da visão sonhadora da vida e se aproximam dura realidade que terão que enfrentar por todo e sempre: ninguém (ou nada) foi ou será perfeito em nossas vidas.
Melhor que desenvolver críticas filosóficas ao filme é melhor você caro leitor assistir e se impressionar com esse grande filme, pois como Dylan cantou é duro, mas necessário, reconhecer:
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