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30 de janeiro de 2006

“Todos são fantasmas”.

A frase acima foi proferida no antológico livro de Philip Roth O Teatro de Sabbath no momento em Mickey Sabbath (personagem protagonista) desenvolve um “diálogo” com sua mãe, que por um acaso está morta. Quando a li confesso não ter entendido muito bem o sentido dela. Somente tempos depois a ficha caiu. E tudo por causa de Sir. Paul McCartney.
Para explicar preciso voltar no tempo, numa época em não havia nem nascido: 1969. Neste fatídico ano os Beatles acabaram de vez. Com isso, John, Paul, George e Ringo optaram por realizar suas respectivas carreiras solo.
Em suma, John, George e Ringo não aprestaram muita diferença quanto a sonoridade já criada no universo Beatle. Mas Paul (o Sr. Melodia) diversificou tanto seu trabalho que se tornou impossível classificar. Se resultado foi satisfatório a conversa muda de rumo (já que até próprio Lennon o ironizava dizendo que a música que Paul fazia era música de elevador como canta em “How Do You Sleep?” ), mas valeu a tentativa.
Entretanto, após anos a fio de trabalho e parcerias ora inusitadas (Michael Jackson) ora gratificadoras (Elvis Costello) Paul resolveu resgatar o seu passado na década de 90. Resgatar talvez não seja a palavra certa, pois ao ouvir os discos Flaming Pie (lançado em 1997) e Chaos and Creation in the Backyard (lançado ano passado) o cantor deixa claro que ao invés de exorcizar de vez todos os fantasmas que tanto o incomodaram, optou por conviver de forma pacifica com todos eles. Para tanto, contou com a ajuda de do produtor George Martin, Ringo Starr, Jeff Lynne (guitarrista e fiel escudeiro de George Harrison) e até o próprio Lennon que se tornou o seu consultor em seu último álbum. E o resultado não poderia ser outro: é sensacional.
Colocando ambos os discos lado a lado chegasse a conclusão de que é melhor aprender a conviver de forma pacífica com o passado para que possamos construir um futuro glorioso. E isso vale para qualquer segmento ou rumo adotado em nossas vidas.
Enquanto isso, eu, Cameron Crowe, Jeff Tweedy e muitos outros seguimos ouvindo e admirando estas obras – primas criada por Ele: Paul McCartney. Sacaram o trocadilho?

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