Chega a ser estranho, mas dentre as mais variadas formas de arte o cinema é que menos se engajou (à meu ver) em relação aos males causados pelos EUA.
No campo musical, por exemplo, temos um número infindável de artistas (Springsteen, Jeff Tweedy, Michael Stipe e Trent Reznor são bons exemplos) que calcam suas canções em tom de protesto em prol de um mundo melhor.
Já na literatura temos magistrais de escritores(as) como Susan Sontag, John Steinbeck e Michael Moore que também não deixam por menos, pois revelaram em suas obras toda a sua amargura contra a política, o passado e o presente norte – americano. Entretanto, a sétima arte permaneceu por anos a fio imparcial.
Até mesmo produções recentes como Terra dos Sonhos, que no papel funcionaria como uma crítica ao fato de que imigrantes sofrem preconceitos das mais variadas formas ao chegar à “terra prometida”, soa sutil demais. Mas agora, ao que parece, surgirá uma onda maior engajamento por parte da indústria cinematográfica.
Tanto que no último Oscar, grande parte dos filmes que concorreram nesta edição, tinham em seu roteiro algo de contraposição a algum aspecto do contexto americano.
Boa Noite, Boa Sorte, por exemplo, traça um paralelo entre a era do McCarthismo (a ditadura deles) e o jornalismo desafiador da época, que colocava em questão certas atitudes governamentais.
Siryania relata de forma confusa, mas real, como é o funcionamento da indústria do “ouro negro”, na qual grandes lideres não demonstram nenhum pudor em prol da busca incansável de maiores fontes petrolíferas ao redor do globo.
Crash pega pesado ao apresentar várias histórias, inicialmente dispares, mas que possuem em comum um dos maiores problemas deles: o desenfreado racismo e, novamente, o preconceito à estrangeiros.
Outro exemplo recente é o soberbo V de Vingança, baseado na graphic novel de Alan Moore, que mesmo sendo ambientado em Londres tem como pano de fundo os EUA. A questão polêmica aqui é o teor pró – terrorismo que a obra possui já o idealismo adotado é que “um povo não deveria temer seu governo e sim o governo é que deveria temer seu povo.” E esta não seria uma solução possível? Fica a questão.
Spike Lee (diretor de A Última Noite e o Verão de Sam) também alfineta em seu último e sensacional filme, O Plano Perfeito, pois demonstra o estado de calamidade que se encontra seu país pós 11 de Setembro.
Se este quadro vai mudar eu não sei, mas continuo idealizando que talvez o mundo possa mudar. Conscientização é algo que tornou – se fundamental para os dias atuais se almejamos um futuro melhor para nossos eventuais filhos.
Canção representativa:
Ben Harper – With My Own Two Hands
I can change the world
With my own two hands
Make a better place
With my own two hands
Make a kinder place
With my own two hands
With my own
With my own two hands
I can make peace on earth
With my own two hands
I can clean up the earth
With my own two hands
I can reach out to you
With my own two hands
With my own
With my own two hands
I’m gonna make it a brighter place
I’m gonna make it a safer place
I’m gonna help the human race
With my own
With my own two hands
I can hold you
With my own two hands
I can comfort you
With my own two hands
But you got to use
Use your own two hands
Use your own
Use your own two hands
With our own
With our own two hands
With my own
With my own two hands
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