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17 de dezembro de 2006

The legacy: the world domination of Gainsbourg family

Nunca o sobrenome Gainsbourg fora tão comentado como neste ano que passou. O falecido Serge Gainsbourg (que partiu em 1991) deixara uma herança sobre a terra e isto não há dúvida. E tão versátil quanto o próprio Serge, 2006 fora o ano que sua honrosa família “atacou” por diversas as vertentes. Tributos, cinema e discos – solos da prole foram alguns deles.
Para celebrar seu 50º aniversário, o tributo Monsieur Gainsbourg Revisted traz nomes de peso do cenário musical atual (e algumas de suas amantes/cantoras) para recriação de algumas de suas composições clássicas. O cartão de visita fica com Franz Ferdinand que junto a Jane Birkin (ex – esposa do mestre) executam a enérgica “A Song for Sorry Angel”. Cat Power e Karen Elson injetam sensualidade em grau máximo (marca registrada de Serge Gainsbourg) na mais famosa de suas canções “Je T’Aime Mon Non Plus” vertida aqui para “I Love You (Me Either)” executando o dueto que antes fora realizado pelo próprio Serge e Jane Birkin. O Portishead coloca as batidas do trip – hop a serviço de “Requiem for Anna” e o resultado é grandioso. Um dos melhores trabalhos realizados em sua homenagem. Michael Stipe (R.E.M), o andrógeno Brian Molko (Placebo), The Kills e Jarvis Cocker também contribuem e engrandecem o maravilhoso álbum, pois o resultado do tributo esta a altura do autor. O único porém é o fato de que o disco é todo em inglês. Detalhe: Serge, como dizem por aí, só não dominou o mundo porque era avesso ao inglês e por isso compunha somente em sua língua nativa: o francês.
Falando em Jarvis Cocker (o figura aí ao lado), se existe alguém no universo pop que chegue próximo a magnitude do clã de Gainsbourg é ele. Em Jarvis, o cantor faz uso de temáticas trabalhadas em exaustão no universo fantástico “gainsbourguiano” no qual amores dilacerados, perversões, traições e assassinatos dão o tom. Não se trata de uma obra – prima já que o disco alterna momentos brilhantes (“Don’t Let Him Haste Your Time”) e outros nem tanto (“Heavy Weather”), mas deixa em aberto o destino do cantor cujo passado fora de glorias quando era o frontman do Pulp .
Quem também lançou disco em 2006 fora uma das musas do mestre: a já citada Jane Birkin. Fictions rompe um hiato de anos sem gravar e mostra Birkin escudada por uma nova geração de compositores (Beth Gibbons é uma delas). E o tempo parece passar de forma lenta. Sua voz continua intacta. Serena. Diversificação é o lema musical do álbum que vai do jazz ao eletrônico passando pelo folk. Como são bastasse canções em francês e em inglês alternam – se e comovem os corações ao redor do globo. A versão de “Harvest Moon” (de Neil Young) não me deixa mentir.
E para finalizar escrevo sobre minha musa, Charlotte Gainsbourg (filha de Jane Birkin com Serge), que me fez passar por bobo dias atrás. Estava eu no cinema assistindo a Lemming (2005) e a cada vez que ela surgia na tela sorria feito uma criança quando ganha seu doce predileto. Sorte minha ninguém estar ao meu lado.
A presença dela era tão radiante que quase me esquecia do filme que é deveras bom. O roteiro da a falsa impressão de que se trata de um drama protagonizado por dois casais de estilos de vida antagônicos. Entretanto, o filme da uma virada e o que poderia ser um “dramalhão” torna – se um suspense de primeira linha.
Apesar de o título ser o nome de um animal (o Lemingue, natural da Escandinávia) o diretor realiza intertextualidade com um fato originário da via animal (a migração) que se relaciona diretamente com a história vivida pelas personagens. Somente vendo para crer.
Como o assunto é 2006 Charlotte esse ano lançou seu segundo disco 5:55, comentado em posts anteriores, e ainda continua com nota máxima por aqui. E o também já comentado, mas ainda não assistido, Science of Sleep que continua a sua saga de confundir o mundo. Protagonizado por Charlotte e Gael Garcia Bernal, o filme retrata a história de Stéphane Miroux (Bernal), um jovem excêntrico cujos sonhos constantemente invadem a sua vida. Com uma promessa de um bom emprego, Stéphane é coagido por sua mãe a voltar a sua cidade natal.O sujeito é bastante criativo. Enquanto dorme, ele é o carismático anfitrião do programa imaginário "Stéphane TV", onde explora a "Ciência do Sono" em frente a câmeras de papelão. Porém, na vida real, consegue um trabalho entediante em um local onde são publicados calendários. Lá, é obrigado a dividir uma pequena sala com três colegas, incluindo Guy (Alain Chabat), que é bastante faminto por diversão, e seu chefe. A decepção com o emprego, no entanto, acaba ao conhecer sua vizinha Stéphanie (Charlotte Gainsbourg) e Zoé (Emma de Caunes), uma amiga dela. Inicialmente atraído por Zoé, Stéphane passa a gostar de Stéphanie devido a imaginação dela bater bastante com a dele. Ele passa a colocar a garota em vários projetos criativos de sua mente. Stéphanie, de alguma maneira, acha a chave para o coração do rapaz. À medida que a relação dos dois floresce, o sujeito começa a deixar a sua imaginação interferir na sua vida real. E por aí vai. Equanto o filme não chega aos cinemas brasileiros, a trilha (graças a Karina) já chegou aos meus ouvidos, mas não irei cometar, pois sem assitir ao filme não muita tem graça.
Enquanto isso, na “sala de justiça”, Serge Gainsbourg segue observando, mesmo distante, que seu legado vai só aumentando. E com justiça, pois sua influente obra ainda é matriz para muito do que se produz no universo da cultura pop.

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