
Tempos em tempos o cenário da cultura pop me surpreende. Anos atrás estava eu começando a desbravar o universo feminino da música (leia - se: PJ Harvey, Tori Amos, Fiona Apple...) quando me deparei com uma resenha na Bizz (se não me engano escrita pelo José Flávio Júnior) de uma, até então, desconhecida cantora que tinha acabado de ter sua dilacerante discografia lançada em solo brasileiro via Trama. Álias, dilacerante é a melhor palavra para descrever os efeitos que Cat Power (aka Chan Marshal) causou em meu coração. Paixão a primeira audição, Cat Power foi capaz de causar - me enorme comoção e até hoje ao ouvi - la a impressão de sentir meu coração em frangalhos ainda permanece viva e latente.
Após um hiato de anos, em 2006, Cat lançou seu até então último álbum The Greatest, e o álbum realmente é impressionante, não devendo em nada a suas obras anteriores. A maneira que ela conduz sua bela voz que somadas as singelas melodias entoadas por pianos, viollões; uma visão de mundo extremamente poética e um certo namoro com o som de Nova Orlenas fizeram do álbum um dos maiores feitos daquele ano. Porém caro leitor, o assunto em voga não seria basicamente este. O que fica circundando minha cabeça é a seguinte questão: o que seria do mundo sem a figura de Cat Power? E se um dia (como, claro irá acontecer) a moça (ok! Nem tão moça assim) partir "desta para uma melhor"? Ou se ela decidir parar de gravar como fez no fim da década 90? Quem irá alimentar esta porção delicada e tão necessária para caleijados ouvidos como o meu? Muitas perguntas ficam no ar e substítutas são de menos. Mas eis que surge lá no Canadá a possível, e talvez melhor, substítuta para vaga: Leslie Feist (aka Feist).

Nascida no Canadá no dia 13 de fevereiro de 1976, Feist faz parte do combo canadense Broken Social Scene e exporadicamente cria álbuns solo. E The Reminder, seu quarto trabalho solo, é o melhor deles.
Lançado em 2007, o disco prima pela sonoridade que popularizou Cat Power, mas, para não soar pastiche da mesma, vai além por dialogar com outras fontes. Utiliza de forma sutil a sonoridade alt. country (via Ryan Adams). Respira a obra viva de divas do country como Emmylou Harris e Lucinda Willians. Deixa - se levar por uma certa porção elétrica de sua sonoridade. E como se não bastasse compõe letras comoventes que permeiam o álbum como um todo.
Este pequeno diagonóstico talvez não ilustre a grandiosidade do trabalho realizado pela cantora, mas o passível exagero acerca do mesmo (já que o crítica internacional não o vê tão importante assim) justifica - se pelo misto de comoção e surpresa causada pela audição dos primeiros trinados de "So Sorry" que me deixaram petrificados pelos seus 3 minutos e 12 segundos de duração. E, sem deixar a "ideologia cair" Feist mantém a cadência delicada até o fim.
Me bastaram duas audições audições e já estou cá de joelhos, com o coração batendo de forma lenta, mas feliz com o resultado galgado pela cantora.
Agora posso dormir um pouco mais tranquilo e idelizando, de forma sonhadora, um possível dueto de Feist e Chan Marshal. Será que meu coração suportaria? Creio que não. Infarte fulminante na certa.
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