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12 de maio de 2007

My idea of version


Na indústria fonográfica existem dois gêneros de álbuns que se destacam quando o assunto é prestar a homenagem ao artista(s) e suas respectivas canções. De um lado temos os castigados tributos que, salvo raras exceções, se destacam num emaranhado de reproduções que, em sua maioria, não acrescentam em nada e, geralmente, deixam uma enorme saudade da original. Nesse campo são tantos exemplos “clássicos” que listá – los é desnecessário.
De um outro lado temos ao que eu chamaria de “ousadia” que acontece quando o artista, literalmente, destrincha a versão original (alterando os arranjos, as letras ou ambos) e tenta aplicar, a sua maneira, as características que lhe agradam e o definem num tom misto de homenagem/versão. E essa é, sem sombra de dúvida, a trilha de maior de dificuldade, pois quando você foge do padrão Cifraclub (site especializado em tablaturas que, confesso, já utilizei por meses a fio quando tinha uma banda cover de Nirvana) periga não agradar tanto o artista homenageado e muito menos o público consumidor. Já ouvi milhares de tentativas frustradas dessa perspectiva. Porém, em toda regra existe uma (ou várias) exceções e uma das soluções ressentes a esse problema é o produtor Mark Ronson.
Deixando todas as dificuldades acima citadas de lado, Mark convocou um time de primeira para executar seu plano monumental de realizar releituras de canções dos mais variados campos da cena musical de ontem e de hoje em Version. Da ala do passado temos uma surpreendente “Stop Me” dos Smiths que, antes, era melancólica, angustiada, dramática... em suma: um clássico da dupla Morrissey/Marr que após a injeção de batidas dançantes e dos vocais de Daniel Merriweather você “quase” (eu disse quase) se esquece da tristeza latente da letra e sorri abertamente. Se até a dupla de compositores aprovou que sou eu para não discordar. E não para por aí. Lily Allen (a garotinha da vez) colabora na versão reggae de “Oh My God” da mais recente sensação do rock britânico, o Kaiser Chiefs. A delicada “Amy” de Ryan Adams vira algo extremamente suingado. A frenética “Just” do Radiohead ganha um naipe de metais sensacional. A electro – pop “Toxic” de Britney Spears vira rap com a honraria de contar com, o hoje falecido, Ol’ Dirty Bastard (ícone do Wu - Tang Clan). Comete logo na abertura uma versão funk instrumental para “God Put A Smile Upon Your Face” e por aí vai. Amy Winehouse, Robbie Willians, Kasabian entre tantos outros colaboram e abrilhantam e esse grande disco de 2007.
E é com um trabalho agradável aos ouvidos como este que Ronson, que já havia estreado bem no campo “solo” em Here Come the Fuzz, adentra a minha galeria de grandes produtores. Ele figura ao lado de ícones como o versátil Rick Rubin, o metódico Nigel Godrich, o especialista em sons sujos Steve Albini e Dave Fridmann (parceiro dos geniais Flaming Lips e Mercury Rev), mas com uma ligeira vantagem: ela dá a “cara à tapa” não somente produzindo álbuns (como disse no post anterior) como também compondo material próprio. Ponto para ele. E olhe que ele está só começando...

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