Este ano estou no paredão. Encurralado. Tudo por um simples motivo: a surpreendente guinada na cena musical brasileira.
Durante anos de dedicação a música pop poucos foram os disco do ala nacional que adentravam a minha tradicional lista dos cinco melhores álbuns do ano. Quando me prestava a pensar nesta categoria (separando os nacionais dos internacionais) o número de participantes era, por vezes, inferior ao total. Então às vezes nem me prestava à sua realização. Não que a música brasileira esteja em estado de putrefação. Muito pelo contrário. A diferença se dá pelo acesso a mesma. Incrivelmente, muitos discos da cena estrangeira chegam as minhas mãos com muito maior facilidade do que os daqui. A nossa distribuição é deveras inferior comparada aos gringos. Mas hoje em dia as coisas têm melhorado graças ao belo trabalho realizado por selos independentes como a Tratore, a Deckdisk e a revista Outra Coisa que aumentaram, consideravelmente, o alcance e a projeção da música produzida aqui. Mas ainda há muito a fazer. Porém, isto é assunto para uma outra ocasião. O que quero aqui é expor minha total surpresa com o nosso cenário musical. Um grande volume de discos de qualidade está sendo produzido este ano! E melhor ainda: oriundos, em sua maioria, da cena independente. Aliás, quem tinha dúvida de que a independência era um caminho perigoso tem bons motivos para mudar de idéia. O fato de artistas, das mais variadas vertentes, como o Pato Fu e Erasmo Carlos estarem fazendo parte do cast da Tratore e da Indie (outro selo independente), respectivamente, são bons exemplos de que este é um grande viés em tempos de crise no mainstream.
A título de exposição, seguem abaixo curtas resenhas sobre alguns discos que devem figurar na sua estante, HD e, claro, nas famosas listinhas de fim de ano:
Erasmo Carlos – Convida: Volume II: O segundo volume da série Convida é uma brasa amora! As releituras aqui realizadas das canções da dupla Erasmo/Roberto (a quem o disco é dedicado) são deliciosas. Difícil é pontuar qual é a melhor. Num disco que se tem Chico Buarque cantando “Olha”, Marisa Monte, estilosa com seu ukelele, na sublime “Tema de não quero ver você triste”, o Skank injetando força em “Bandas dos Contentes”, o Los Hermanos na dramática “Sábado morto” entre tantas outras é um martírio. Duro é o Zeca Pagodinho em “Cama e Mesa”. Mas o resultado final é muito bom. E o melhor de tudo: contando com o aval e os vocais do tremendão.
Ouça: “Ilegal, Imoral ou engorda” com Adriana Calcanhoto.
Canastra – Chega de falsas promessas: Depois da briga e a rescisão contratual com a Sony os cariocas do Canastra se cansaram de “falsas promessas” e voltaram à independência com o disco mais dançante do ano. De “Chevete Vermelho” até “Dallas” o grupo executa canções no qual é impossível ficar parado num caldeirão que mistura rock, jazz, ska e que mais for possível sem patinar em nenhum momento. Pura diversão. Disco curinga para festas chatas.
Ouça: “Miss Simpatia”
Autoramas – Teletransporte: A melhor banda de rock do Brasil em termo de apresentações (que sempre são enérgicas) volta com seu mais novo rebento. Teletransporte é um disco coeso e forte em canções que seguem a linha tradicional do grupo ao misturar surf music, jovem guarda e new wave em linguagem pop. A surpresa é balada “300 km/h”, homenagem indireta ao Rei Roberto de quem Gabriel Thomaz (o frontman do grupo) é grande fã.
Ouça: “Eu mereço”
Orquestra Imperial – Carnaval só ano que vem: Quem já assistiu a apresentação do combo composto pela nata da cena musical carioca sabe o quão infernal é. O Ep lançado antes do álbum dava impressão que o álbum cheio seguiria o mesmo rumo. Mas... aqui a história é outra. Com freio de mão puxado, o disco vai muito mais para o lado “dançar coladinho” do que “atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu”. Daí o título. Independente disto, o disco é um grande achado. Muito bem produzido pelos grandes Mario Caldato e Kassin, o repertório faz justa homenagem ao samba de Cartola e afins que comandavam a época dourada do verdadeiro samba. A única que destoa desta temática é a tropicalista “Supermercado do amor” cantada pela musa Nina Becker e o gênio Jorge Mautner.
Ouça: “Ereção”
Cachorro Grande – Todos os tempos: Maturidade. De forma árdua, mas consistente. Digo isso porque pessoas como eu que adoravam a porção “rock n’ roll never die” (leia – se Rolling Stones, Small Faces...) dos gaúchos se assustam na primeira audição tamanha a diferença. Focado muito mais no folk e no rock inglês dos anos 90, o disco vai crescendo a cada audição graças a melodias muito bem construídas oscilando entre psicodelismo beatle e a lisergia do Stone Roses. Para os velhos fãs está lá a já clássica “Deixa Fudê”, enérgica como si só.
Ouça: “Quando amanhecer” co–irmã da clássica “Haverst Moon” de Neil Young
E não para por aí! Brevemente textos sobre a revolução criada por Vanessa da Mata, o novo do Pato Fu, o funk curitibano tipo exportação do Bonde do Rolê...
Durante anos de dedicação a música pop poucos foram os disco do ala nacional que adentravam a minha tradicional lista dos cinco melhores álbuns do ano. Quando me prestava a pensar nesta categoria (separando os nacionais dos internacionais) o número de participantes era, por vezes, inferior ao total. Então às vezes nem me prestava à sua realização. Não que a música brasileira esteja em estado de putrefação. Muito pelo contrário. A diferença se dá pelo acesso a mesma. Incrivelmente, muitos discos da cena estrangeira chegam as minhas mãos com muito maior facilidade do que os daqui. A nossa distribuição é deveras inferior comparada aos gringos. Mas hoje em dia as coisas têm melhorado graças ao belo trabalho realizado por selos independentes como a Tratore, a Deckdisk e a revista Outra Coisa que aumentaram, consideravelmente, o alcance e a projeção da música produzida aqui. Mas ainda há muito a fazer. Porém, isto é assunto para uma outra ocasião. O que quero aqui é expor minha total surpresa com o nosso cenário musical. Um grande volume de discos de qualidade está sendo produzido este ano! E melhor ainda: oriundos, em sua maioria, da cena independente. Aliás, quem tinha dúvida de que a independência era um caminho perigoso tem bons motivos para mudar de idéia. O fato de artistas, das mais variadas vertentes, como o Pato Fu e Erasmo Carlos estarem fazendo parte do cast da Tratore e da Indie (outro selo independente), respectivamente, são bons exemplos de que este é um grande viés em tempos de crise no mainstream.
A título de exposição, seguem abaixo curtas resenhas sobre alguns discos que devem figurar na sua estante, HD e, claro, nas famosas listinhas de fim de ano:

Ouça: “Ilegal, Imoral ou engorda” com Adriana Calcanhoto.

Ouça: “Miss Simpatia”

Ouça: “Eu mereço”

Ouça: “Ereção”

Ouça: “Quando amanhecer” co–irmã da clássica “Haverst Moon” de Neil Young
E não para por aí! Brevemente textos sobre a revolução criada por Vanessa da Mata, o novo do Pato Fu, o funk curitibano tipo exportação do Bonde do Rolê...
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