Páginas

16 de agosto de 2006

Reader Meet Author

Eu tive um sonho. Sonhava que sabia escrever (bem) sobre música. Mas meu sonho acabou. O por quê? A Ultima Transmissão, compilação do que de melhor Greil Marcus escreveu para diversas publicações.
Formado em Ciência Política e Estudos Americanos, Marcus aplicou toda sua bagagem de conhecimento em prol da música criando assim textos antológicos sobre Elvis Presley, Joy Division e Gang of Four.
Para se ter uma idéia, sobre um show antológico de Bruce Springsteen o autor relaciona de forma coerente Lênin e Beethoven a performance de quem segundo ele “cantava a beira do abismo”. E vai além, pois “isso não é uma metáfora”.
Marcus foi editor chefe do período áureo da Rolling Stone (no final da década de 60) época em que Lester Bangs e Cameron Crowe faziam parte do cast de ouro da revista.
Seu discurso é tão convincente que até mesmo a canção mediana “Pills and Soup” de Elvis Costello (do álbum Punch the Clock) vira a casaca e se torna um clássico atemporal graças ao teor político carregado da mesma que versa sobre fascismo e a donzela de ferro (leia – se Margaret Thatcher).
Falando ainda em Lester, se seu modo de escrita era simplista (e isto não é demérito algum) Greil Marcus dá um novo patamar a análise musical, justificando assim o seu status de “inigualável. Não só como escritor de rock, mas como historiador cultural” (Nick Hornby).
O idealismo punk/pós punk (tido por muitos como uma brincadeira adolescente) ganha aqui interpretações soberbas de um homem que não só esteve lá como também compreendeu, como poucos, que aquilo era algo a ser levado à serio.
Enquanto escrevo este texto estou ouvindo, de forma incansável, A Brief History of The Twentieth Century coletânea do Gang of Four (cujo texto de apresentação é de autoria de Greil Marcus) contando às horas para a apresentação do celebrado grupo inglês que acontece no dia nove de setembro. Este título é também perfeito para se relacionar com a obra de Greil Marcus que soube analisar perfeitamente a cultura de massa, o que fora o século passado e o que ainda estar por vir.

Parêntesis: Realizando a leitura deste livro encontrei o meu caminho. Se Marcus fora pelo caminho da política eu vou optar pela literatura. Afinal de contas quantos são os álbuns que tem como a influência a literatura? Milhares! Coincidentemente dias atrás estava eu pensando numa coluna para o jornal da faculdade que girava em torno desta temática. Trabalho árduo e, espero, gratificante pela frente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário