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17 de fevereiro de 2009

Fim da letargia ou Morrissey e seus anos de reclusão


Após meses de pura preguiça, devidamente assumida, eis que volto a escrever neste espaço. E o motivo não poderia ser melhor: o homem que mais ama e odeia este mundo em que vivemos, um autêntico Arthur Rimbaud do meio musical; o melhor inglês vivo... Em suma: Morrissey!
Years of Refusal, nono albúm solo, é um disco em há de se reconhecer: não surpreende se comparado a nova guinada na carreira do cantor iniciada em You are the quarry (2004), mas não desaponta tamanha a qualidade sonora destilada.
Tudo o que o cantor já havia exposto em trabalhos anteriores está lá: a tristeza e a descrença quanto ao amor no cartão de visita eletrizante, "Somebody Is Squeezing My Skull". A ironia em "All you need is me". A doçura de "I'm throwing my arms around Paris". A reflexão sobre amadurecimento e a busca pelo amor exposta através de belos acordes em "That's how people grow up".
Tudo, tudo, tudo de forma enérgica, dançamente e mais um fez memorável graças a também mão certeira de Jerry Finn (produtor do disco que, infelizmente, faleceu após as gravações) e da exímia banda de apoio que transforma as delisões de Morrissey em provas de amor destinadas a música.
Emocinante e comovente, Morrissey promove seu retorno, mais uma vez, acertando em cheio num disco que agrada um tanto que me fez voltar a escrever. E que os anos de reclusão continuem para ele. Afinal, fazer com que a tristeza ganhe contornos brilhosos e cheio de vida é privilégio de poucos. E ele sabe muito bem o que faz.

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