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9 de setembro de 2010

Nosso lar?

Atenção: você seguidor da doutrina espítita e admirador da obra Nosso lar, de Chico Xavier, não perca seu tempo com esta resenha. Antes de mais nada é preciso frisar: não tenho nada contra a quem segue a religião em si ou a própria obra. Meu exercício aqui é analisar a adaptação fílmica da obra tida como um clássico do gênero.
Dirigido por Wagner de Assis o filme, à primeira vista, tem um visual deslumbrante (um primor em termos de cinema nacional). A retratação do universo é de encher os olhos. Construída em parceria com o diretor de fotografia Ueli Steiger (de 10.000 BC e O dia depois de amanhã) e efeitos visuais supervisionados por Lev Kolobov (responsável por Watchmen) a veracidade em que ônibus espaciais e estruturas arquitetônicas modernas são projetadas na tela é tamanha que fazem jus aos 20 milhões de investimento (o maior da história aliás). Para completar este desbunde visual só faltava uma bela história, mas isso não 0corre.
Desconhecedores a ideologia espírita podem sair do filme com várias questões em mente, pois o roteiro é ralo e carente de substanciabilidade. A história de André Luiz, personagem central, é meramente ilustrada via flashbacks que em nada acrescentam à trama. A disposição e os mecanismos que movem a cidade astral são mal trabalhados. E estes fatores somados prejudicam, inclusive, a atuação do elenco que mais parecem peças dispersas de um jogo inacabado. A impressão final (tal como aprendemos em A origem, filmaço de Christopher Nolan) é que estamos em um sonho no qual, tradicionalmente, pegamos a história pela metade e tentamos juntar as peças de um complexo quebra-cabeça.
O espectador natural (assim como eu, sem vínculos que somente buscava assistir a um bom filme) sai insatisfeito tamanha a carência de elementos que garantam uma boa história. Que no final das contas é tudo o que queremos quando o assunto é cinema.

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