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22 de julho de 2006

Considerações breves sobre a indústria fonográfica em 2006 – Parte 1

Um ano, até agora, sem grandes surpresas. 2006 no campo musical não apresentou trabalhos que poderiam ser tachados de “clássicos atemporais”, mas isto não impede que bons álbuns tenham chegado ao mercado fonográfico. Segue abaixo um breve retrospecto do que até agora chegou aos meus calejados ouvidos:
Snow Patrol – Eyes Open: Não tão bom quanto o disco anterior, o divisor de águas Final Straw, mas com bons momentos. “It’s Beginning To Get To Me” é a “Dakota” (maravilhosa canção do Sterephonics do ano passado) de 2006.
Twilight Singers – Powder Burns: O mais “roqueiro” dos discos deste projeto paralelo de Greg Dulli. Um prato cheio para quem, assim como eu, está com saudades de seus tempos de Afghan Whigs.
We are Scientists – With Love and Squalor: Debut promissor destes americanos que só foram conquistar sucesso na Europa. Letras engraçadas, canções pungentes e refrões chicletes são os destaques aqui. “Nobody Move, Nobody Get Hurt” e “It’s a Hit” são canções que você não deve ouvir! Sim, pois depois que você ouve não consegue deixar mais.
Morrisey – Ringleader of the Tormentors: A redenção de quem soltou os cachorros em You Are the Quarry, disco sensacional de 2004. Aqui o maior compositor inglês do século passado versa sobre o fato de ter encontrado o amor em Roma (cidade onde o disco fora produzido) e pode o perdão de Deus na sublime “Dear God, Please Help Me”. Para quem até perdoou Jesus este é um senhor disco. Um dos melhores até agora.
Sonic Youth – Rather Ripped: No disco de despedida da gravadora Geffen, o grupo de Nova York optou por sair do jeito quem entrou: entregando um disco redodinho e pop. Nada de microfonias e esquizofrenia da comentada, e pouco ouvida, trilogia de sua cidade natal. Thurston Moore e Lee Ranaldo, uma das melhores duplas de guitarristas de todos os tempos, capricham para que Kim Gordon solte o berro em canções como “What A Waste”. Muito bom.
Wolfmother – Wolfmother: Outro debut de qualidade elevada. O power trio australiano capricha ao emular a sonoridade do Led Zeppellin, Deep Purple e Black Sabbath. Porém, com um diferencial: sem parecer pastiche de ninguém.
Clap Your Hands Say Yeah! - Clap Your Hands Say Yeah!: Lançado lá fora no ano passado, mas só chegou agora por aqui. Talking Heads + Arcade Fire: a sonoridade vai neste caminho. Interessante.
Josh Rouse – Subtítulo: Ah o amor... Depois conhecer a espanhola que modificou sua vida (Paz com quem divide os vocais na belíssima “The Who Doesn’t Know How To Smile”) Rouse mudou tudo (ou quase tudo) relativo ao seu trabalho. O Alt. Country agora, por exemplo, dá lugar a bossa nova como na contagiante “Summertime”. Mas as pérolas soul ainda estão lá. “Givin It Up” que o diga.
Pearl Jam - Pearl Jam: Sábios afirmam que para estar vivo basta morrer. Bom, o Pearl Jam então pode-se dizer que morreu pela segunda vez (a primeira foi em Yield) para que Pearl Jam, o álbum, ganhasse espaço. A morte aqui ganha contorno de sonoridade. Sem em Yield fora a maturidade que surgiu aqui é a vez de jovialidade dos tempos inicias de carreira, mas com caráter político. Porém em alguns momentos o disco não engrena, chegando a ser até chato. Porém em outros... Em suma: meia boca.
Arctic Monkeys – Whatever People Say I Am, Thats I Am Not: Será que os ingleses da vez duram mais um disco? Tanto hype em cima de uma banda é realmente bom? Deixando este questionamento de lado o álbum é deveras bom. “I Bet You Look Good On the Dancefloor” é a canção que muita gente venderia a alma para ter composto. Um hino da azaração na balada indie.
Editors – Back Room: Na cola do Interpol, os “Editores” assumem as influências darks de um Joy Division, mas um pouco mais de luz.
Wolf Parade – Apologies to the Queen Mary: Banda canadense cujo disco de estréia tem a proeza de soar como os conterrâneos do Arcade Fire, mas com a cara do David Bowie. Sacou?


Não fica só nisso. Muito mais no próximo post.

Um comentário:

  1. estou temendo que "The Man Who Doesn’t Know How To Smile",,,,seja a minha Dakota.

    ainda bem que temos meio ano pra ver.
    :)

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