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22 de setembro de 2007

Great Expectations*

“Pouca gente se lembra do Nirvana tocando no terceiro palco do Reading Festival”.

Não me lembro quem proferiu esta célebre frase citada acima (Nick Hornby? Tony Parsons? Simon Reynolds?... Hum... deixa para lá), mas a mesma fora bastante representativa. Digo isso porque enquanto meia dúzia de pessoas assistia ao grupo de Kurt Cobain e companhia em 1990, no ano seguinte o grupo lançaria Nevermind e graças a “Smells Like Teen Spirit” foram içados do palco três para o um a tamanha a projeção alcançada.
Trago isso para 2007 e vejo basicamente o mesmo acontecer já que, salvo as dividas proporções, a paulistana Céu traça trajetória semelhante.
A primeira apresentação da cantora em solo mineiro fora antológica tal como o grupo de Seattle que debutava na Inglaterra, mas poucos estavam contemplando-a. Digamos que uma média de 10% do público presente estava lá para vê-la, pois o restante estavam na Estação do Conde para ver o celebrado Funk Como Le Gusta ou curtir a noite de sexta-feira. E fora completamente visível este fato durante o show já que a turma do gargarejo fazia bonito entoando todas as canções em uníssono, admirando cada nuance de Céu que dançava timidamente sobre o palco durante as canções, cativava pela graciosidade e, claro, sua rara beleza natural que não necessita de “adereços” para ser exibida. É como Lucio Maia, da Nação Zumbi, disse certa vez: “Céu poderia ficar pagando de Beyoncé, mas não o faz”.
Sobre o desempenho da cantora posso dizer que a sua voz fora uma grande surpresa. Se em disco (o auto-intitulado Céu de 2005) ela já soava maravilhosa ao – vivo se faz ainda mais já que o ar levemente pasteurizado das gravações via estúdio dão lugar a simplicidade e a segurança de uma Billie Holliday.
O repertório, executado nos mínimos detalhes, há de se louvar e congratular a banda de apoio que atuou de forma impecável.
A sonoridade de Céu gira em torno de tantos gêneros que fica difícil classificá-la. Suas canções apresentam desde características urbanas (o rap, por exemplo) a raízes africanas (sua grande paixão confessa) como o reggae, o dub, o jazz... E tudo isso está tão bem diluído e palatável que impressiona aos ouvidos.
Por fim, afirmo, com absoluta certeza, que pouca gente irá se lembrar da apresentação de Céu no dia 21 de setembro de 2007 em Belo Horizonte. Porém, as chances da cantora ser a próxima next big thing são grandes. Se 2007 fora, de forma merecida, o ano de consolidação de Vanessa da Mata, 2008 tem tudo para ser o ano de Céu que vem conquistando aos poucos seu público e somado a crítica que segue vangloriando seu trabalho a faz a grande esperança do cenário nacional. E que venha seu segundo álbum para sacramentar!
* Em referência a clássica obra da literatura realista de Charles Dickens

Um comentário:

  1. Anônimo5:02 PM

    ei rapá! tenho um amigo que um dia chegou pra mim e disse: "Cláa, tenho q te apresentar uma cantora fodassa", dai me passou o cd inteiro da Céu. Gostei demais, queria muito ter ido ao show, mas n pude matar aula no dia! :(
    Que bom que vc gostou do show! No proximo to dentro (espero)!
    Bjao

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